A Partilha entre Amigos

Depois de uma manhã de caminhada, o grupo encontrou uma clareira tranquila. O sol passava entre as folhas das árvores, formando desenhos dourados no chão. Era o lugar perfeito para descansar. A grama era macia, e havia um pequeno riacho por perto, cantando baixinho entre as pedras.

O cordeiro, com seu jeito calmo e acolhedor, preparou uma mesa simples sobre uma pedra lisa. Ele trouxe pão fresco que havia guardado em uma pequena bolsa de tecido. O coelho ajudou a colocar frutas silvestres que haviam colhido no caminho — amoras, framboesas e uvas doces. A tartaruga chegou devagar, trazendo figos maduros nas costas, cuidadosamente protegidos por folhas verdes. Já a raposa apareceu com um pote de mel dourado, colhido com respeito de uma colmeia que ela conhecia há tempos.

A pomba, com seu voo leve, recolheu flores comestíveis para enfeitar a mesa: capuchinhas laranjas, violetas roxas e margaridas brancas. Cada um contribuiu com o que tinha, com o que podia, com o que vinha do coração.

Jesus, o cordeiro, olhou para todos e sorriu. “Compartilhar é amar”, disse ele, com a voz suave.

Antes de começarem a comer, todos fecharam os olhos por um instante. Não era uma reza de palavras decoradas, mas uma gratidão sentida no peito. Agradeceram por estarem juntos, por terem alimento e por aquele momento de paz.

Enquanto comiam devagar, sentiram o sabor da simplicidade. O pão estava macio, o mel doce, os figos desmanchavam na boca. Era uma refeição simples, mas parecia banquete de rei.

“Eu gosto quando dividimos as coisas”, disse o coelho, com o focinho sujo de mel. “Parece que tudo fica mais gostoso.”

“A comida tem gosto de amor quando é partilhada”, respondeu Jesus.

Depois da refeição, todos se deitaram um pouco na grama. A raposa contou histórias de quando era pequena, e a tartaruga ensinou como ouvir o som da terra com o ouvido encostado no chão. A pomba cantou uma melodia suave, e o coelho dançou ao som do vento.

“Jesus, por que você sempre divide o que tem com a gente?”, perguntou a pomba.

“Porque tudo o que recebo é para ser multiplicado em amor”, respondeu ele. “Nada é só meu. Tudo o que é bom, é para todos.”

A tartaruga pensou por um momento. “Mas e se um dia a gente não tiver nada pra oferecer?”

Jesus sorriu e olhou nos olhos dela. “Oferecer presença já é muito. Estar aqui, caminhar junto, escutar com carinho… tudo isso é partilha também.”

A raposa pegou um pedaço de pão e o entregou à tartaruga. “Hoje você trouxe os figos. Amanhã, posso precisar de um abraço seu. Estamos sempre dando e recebendo.”

Eles ficaram ali por um bom tempo, sentindo o vento tocar o rosto e o coração se aquecer. A mesa simples virou um símbolo. Mais do que comida, era um lugar onde ninguém se sentia sozinho.

Antes de partirem, a pomba deixou uma pétala sobre a pedra. “Pra lembrar que aqui partilhamos mais que pão”, disse ela.

 

E então, com os corações cheios, seguiram viagem. A trilha os esperava, e a amizade era o alimento que jamais acabava.