A Nova Manhã

Na manhã seguinte, os raios do sol começaram a tocar suavemente a entrada da caverna. O céu, antes cinzento e carregado, agora se abria em tons de rosa, laranja e dourado. O ar tinha cheiro de terra molhada, e a floresta despertava aos poucos: pássaros cantavam, folhas gotejavam, e pequenos animais espiavam entre os galhos, como se agradecessem pela nova luz.

Jesus se levantou devagar e olhou para os amigos ainda adormecidos. A pomba respirava profundamente, a tartaruga ainda estava enrolada em sua concha, o coelho se mexia com sonhos suaves, e a raposa, desperta, observava em silêncio com os olhos brilhantes.

“É hora de seguir”, disse Jesus com um sorriso gentil.

Um a um, seus amigos despertaram, espreguiçando-se e bocejando. Apesar da noite difícil, todos pareciam leves. A caverna, que havia sido abrigo na tempestade, agora se tornava ponto de partida para um novo começo.

Lá fora, as flores começavam a desabrochar. Como se soubessem que a luz havia vencido a escuridão. Margaridas, lírios, girassóis e pequenas flores silvestres cobriam o campo que se estendia diante deles. Borboletas dançavam entre as pétalas, e uma brisa fresca acariciava a pele.

Jesus guiou o grupo até uma colina suave. Subiram devagar, aproveitando cada passo. No alto, pararam. Dali podiam ver todo o vale: riachos brilhando como fitas prateadas, árvores balançando em sincronia e montanhas ao longe, tocadas pela luz da manhã.

“É tudo tão bonito… parece que o mundo sorri”, disse a pomba, emocionada.

“Todo recomeço traz esperança”, sorriu Jesus. “A noite escura passa, e o dia chega com novas chances.”

O coelho correu de um lado para o outro, tentando alcançar as borboletas. A tartaruga encontrou uma pedra quentinha para descansar ao sol. A raposa fechou os olhos por um momento, sentindo o calor em seu rosto. A pomba abriu as asas e voou em círculos acima deles, como se dançasse no ar.

Jesus observava tudo com ternura. A jornada havia os transformado. Eles haviam aprendido a confiar, a compartilhar, a enfrentar medos e esperar com paciência. Mas, acima de tudo, haviam descoberto que o amor era o verdadeiro caminho.

“Jesus?”, perguntou a tartaruga. “Vamos continuar caminhando?”

“Sim”, respondeu ele. “Mas agora, cada um de vocês leva essa luz no coração. Mesmo quando estivermos longe, estaremos sempre juntos.”

“Como assim, longe?”, perguntou o coelho, com os olhos arregalados.

“Vocês cresceram. E vão levar o amor adiante. Para outras trilhas, outros encontros, outras partilhas.”

A raposa, que sempre captava as entrelinhas, assentiu com a cabeça. “O que vivemos nunca acaba. Ele vive dentro da gente.”

Jesus assentiu. “O amor é assim. Ele se espalha. Se multiplica.”

Então, juntos, fizeram um círculo. Deram-se as mãos — ou patas, asas e cascos — e fecharam os olhos por um momento. Não disseram nada, mas todos sentiram: aquele era um momento sagrado.

Depois, sentaram-se por mais um tempo, vendo o mundo se acender. A pomba pegou um pedacinho de nuvem e imaginou que fosse algodão-doce. O coelho colecionou pétalas. A tartaruga escreveu na terra com a ponta da pata: “Amizade é para sempre.”

E quando o sol estava alto no céu, Jesus e seus amigos desceram a colina, sorrindo. Não sabiam exatamente onde iriam, mas sabiam que onde houvesse bondade, ali seria o caminho.

Porque, com amor e fé, o caminho seria sempre bonito.