No meio da clareira, enquanto as folhas cochichavam segredos ao vento, Trilo, o duende da floresta, ouvia algo diferente. Um som miudinho, como um canto de gota, vibrava perto de uma raiz exposta. Curioso, ele se abaixou e viu: uma pequena semente pulsava bem devagar, como se respirasse.
Trilo encostou a orelha no chão. A semente murmurava. “Encontre o lugar onde o silêncio canta.” Isso era tudo. Uma frase só, repetida como uma canção de ninar esquecida. Sem hesitar, ele guardou a semente na bolsinha de folha que levava a tiracolo e partiu.
Pelo caminho, perguntou às samambaias, aos besouros e até às pedras sobre onde o silêncio poderia cantar. Nenhum sabia. Mas ao fim da trilha, ao lado de um riacho manso, Trilo sentou-se. E esperou. E escutou.
Ali, o vento tocava as folhas como harpa. A água dançava com os galhos submersos. O silêncio… cantava.
Com cuidado, ele plantou a semente na terra úmida. Em poucos segundos, ela brotou: uma flor azul-clara, em forma de ouvido, que emitia uma melodia suave e contínua. Era o início de algo mágico.
O duende da floresta sorriu. A floresta tinha falado — e ele ouvira.